Médicos podem ou não podem cobrar consulta de retorno?

Se você atende em consultório médico particular, mais cedo ou mais tarde vai precisar lidar com uma questão delicada, mas essencial: se e como cobrar consulta de retorno.

Logo nos primeiros meses atendendo no particular, me vi envolvida em conversas desconfortáveis, do tipo:

“Essa consulta é retorno, né doutora?”
“Ah, mas é só pra ver os exames, tem como não cobrar?”

No início, eu hesitava. Ficava com receio de parecer insensível.
Até perceber que a falta de clareza estava prejudicando não só meu faturamento, mas também minha organização e na qualidade do atendimento que os pacientes recebiam.

Desde então, decidi criar uma política clara, ética e empática — e nunca mais voltei atrás.

O que diz o CFM sobre cobrar consulta de retorno?

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), não se deve cobrar quando o paciente retorna apenas para entrega de exames ou complementação da conduta por falha do médico.

No entanto, a cobrança é permitida quando há novo ato médico, como:

  • Queixas ou sintomas novos
  • Reavaliação do tratamento
  • Ajuste de conduta com base em exames alterados

📌 Portanto, o segredo está em entender o que configura um retorno simples e o que configura uma nova consulta — e, claro, comunicar isso com clareza ao paciente.

Por que médicos precisam de uma política de retorno bem definida?

Antes de tudo, quero deixar uma coisa clara: a política de retorno protege você e o paciente.

Ela evita prejuízo financeiro, organiza sua agenda e, principalmente, alinha expectativas.
Além disso, permite que você exerça a medicina com mais segurança e autonomia.

Muitos médicos acabam acumulando frustrações (e prejuízos) simplesmente porque não têm esse processo bem definido.

Se você ainda está nessa fase, recomendo também este artigo complementar:
👉 Como médicos podem cobrar sem desconforto ou perder pacientes

Como comunicar sua política de retorno e cobrar retorno de consulta de forma ética e profissional

Você não precisa ser rígido — mas precisa ser claro ao cobrar retorno de consulta.

O ideal é ter um informativo padrão, que pode ser entregue impresso ou enviado por WhatsApp.
Além disso, vale incluir essas orientações na sua bio, no link de agendamento, em uma arte fixada no Instagram ou já na abordagem inicial da secretária.

Com efeito, a consistência na comunicação é o que evita constrangimentos e garante fluidez no atendimento. A seguir, deixo um modelo sw política de retorno que você pode adaptar para o seu consultório.

Modelo de política de retorno para entregar aos pacientes

📋 Política de Retorno – Dr(a). [Seu Nome]

Prezado(a) paciente,

Meu objetivo é sempre oferecer um atendimento ético, organizado e respeitoso com o seu tempo e o do consultório.
Assim, seguem algumas orientações sobre a política de retorno:

Prazo para retorno gratuito: até [ex: 15 dias corridos] após a última consulta

Retornos gratuitos incluem:

  • Revisão de exames sem alteração relevante
  • Esclarecimento de dúvidas sobre a conduta prescrita
  • Solicitação de laudos e relatórios relacionados à última consulta

Nova consulta (com cobrança):

  • Nova queixa ou condição clínica
  • Intervalo superior ao prazo estipulado
  • Exames com alterações que exigem reavaliação clínica
  • Reajuste de tratamento ou prescrição

🔹 Modalidade de atendimento: o retorno será feito preferencialmente por teleconsulta.

📌 Esse é um modelo base. Adapte de acordo com sua realidade e insira sua identidade visual.

Precisa de ajuda para padronizar essa comunicação?

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Com eles, você estrutura este mais de 30 outros modelos de mensagens claras, empáticas e éticas para usar no WhatsApp, no agendamento e no pós-consulta.

Conclusão: política clara evita conflitos na hora de cobrar consulta de retorno

Em resumo, médicos que comunicam sua política de retorno com clareza transmitem mais segurança e profissionalismo.

Quando o paciente entende o que é retorno, o que é nova consulta e qual o prazo para cada situação:

  • Há menos resistência
  • Menos dúvidas
  • E mais respeito

📌 O seu tempo tem valor. O seu saber tem valor. Sua escuta tem valor.
A política de retorno é uma forma de reforçar tudo isso — com ética, leveza e coerência.

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Bruna Campos

Médica psiquiatra pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mais de 10 anos de experiência em consultório particular.
Formação em Gestão de Clínicas e Consultórios pelo Instituto Israelita de Ensino do Hospital Albert Einstein.
Criadora da Formação Viver de Consultório, pela qual já passaram mais de 200 médicos que hoje vivem do próprio consultório, com mais liberdade e estrutura.
Ensina o que vive — e vive do que ensina.

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